sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Parte 2..

...agarrei no rádio e comuniquei a minha "avaria", por sorte nesse dia estava a voar tb o meu antigo, e sempre presente amigo, instrutor de parapente Bezugo, que prontamente tratou de acalmar a minha voz que já tremia (pois é os grandes tb choram): "calma...deixa sair da montanha, agora olha para cima e resolve!" olhei novamente para cima, agarrei nos cabos e puxei-os para mim, a asa fechou do lado direito e abriu, perdi mais altitude e virei mesmo contra a montanha já por cima do vale...mas o nó ainda estava lá, agora mais apertado que nunca. Corrigi novamente com o manipulo esquerdo (a unica coisa que tinha para virar a asinha...) perdi ainda mais altitude...estava dentro do cú de judas e com um grande problema. A voz do Bezugo começa a se fazer ouvir no rádio: "Esquerda!! Esquerda! Esquerda! esquerda!!".

resolvi esquecer o nó, estabilizar e deixar voar em direcção ao funchal...mas com a asa assim travada as coisas estavam no mau caminho. É tipo estar a andar de carro com o travao de mão puxado.

Cada vez descia mais, e a praia do funchal cada vez mais longe, progredia mto pouco, pelo menos já tinha deixado o vale para trás. começei a procurar um sitio para aterrar (ou melhor me despenhar), mas só via arvores enormes e algumas casas. quando cheguei ao hospital velho (fica a +/-800 m de altitude) vi uma quinta antiga com os quintais limpos, andava lá uma escavadora a destruir aquilo tudo deixando uma pista com uns 50 m de comprimento, só tinha de conseguir passar alguns cabos de média tensão, com um só manobrador. é como ter pedais no carro e nao ter volante...peguei no rádio e comuniquei para todos: "ok pessoal tenho de tomar uma decisão agora, vou aterrar neste terreno". J.A. um bom amigo e companheiro de voo, permaneceu ao meu lado, e respondeu: "ok M., sei onde é, dê por onde der aterra e boa sorte".

Comecei a tentar manobrar com o corpo para fazer a aproximação, mas quando tentei fazê-lo aconteceu uma coisa porreira, começei a subir numa pequena térmica que por acso estava ali naquele sítio. Mal senti ganhar altitude tomei novamente a rota do funchal...tinha adiado a aterragem de emergencia...ia agora tentar chegar ao primeiro local seguro de aterragem já dentro do Funchal, o Jardim do Hinton, aquilo é apertado e rodeado de prédios, mas pelo menos já nao existiam cabos de tensão. A Gradient embora afectada pelo problema mostrava-se muito segura e estável, estava a cumprir com uma das sua principais características. A segurança em voo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Assim está bem... agora o pessoal já pode ficar mais descansado :)